2012/05/28

6 de Junho : O Silêncio do Preconceito


 
A Frente de Libertação dos Açores anunciou que vai comemorar este ano os 37 anos do 6 de junho de 1975 para "mostrar ao mundo a força dos açorianos" e homenagear os que contribuíram para a liberdade.
Ao longo dos últimos anos, as comemorações "particulares” do 6 de Junho de 1975, originaram diversas reações, provocaram deliberadas omissões e porventura, o seu maior condão, permitiram desnudar a hipocrisia de todos quanto não conseguem discernir as causas públicas das coisas particulares e mesquinhas que modelam as suas vidas. De todos quantos não conseguem no presente, assumir com coragem, dignidade e satisfação as ideias e os ideais que por quaisquer razões, no passado, os moveram a sair à rua naquela data. De todos quanto se deixaram acomodar pelos cargos, pelos compromissos e pelas vassalagens. De todos quantos perderam a voz, a capacidade e a autoridade para gritarem os Açores para além de horizontes curtos e atrofiantes, de todos quanto cegos de vaidade fazem do preconceito, uma virtude, e da ignorância, um vício.
Ao grupo de homens e mulheres que publicamente se preparam para assinalar o 37.º aniversário daquele evento, independentemente de se estar ou não em sintonia com os seus ideais, há que agradecer a clareza da atitude, a frontalidade da postura e a coragem de assumirem sem complexos ou preconceitos, a causa que um dia abraçaram como o seu ideal e projeto para esta coletividade insular.
De certa forma, aquele grupo de cidadãos irá homenagear a verdadeira tempera e o forte carácter das grandes figuras açorianas, aquelas que a história nos ensina terem consagrado as suas vidas à causa insular. Homenagearão também, a veia aventureira e titânica de todo um povo que quer aqui, quer além-mar, tem enfrentado o desconhecido e desbravado novos trilhos de vida e de esperança.
Perante uma data que, na essência, marca um passo na luta pela democracia e pela liberdade que hoje desfrutamos, os político regionais, os seu partidos e os órgãos de governo próprio da Região, numa atitude reveladora de castradores complexos e preconceitos, certamente irão emitir um lamentável silêncio, justificado na ausência de consenso sobre o significado da data comemorada, fazendo triunfar, mais uma vez, o cinzentismo, a hipocrisia, a fraqueza, a falta de carisma e o comodismo da classe política "oficial" dos Açores.
Mais uma vez, nada ensinarão aos açorianos. Mais uma vez, nada transmitirão às gerações vindouras, a não ser a confirmação da ideia que essas já possuem de que os políticos são, regra geral, homens honestos mandados para a praça pública  mentir pelo seu partido.
O 6 de Junho de 1975, não foi um erro. Foi um ato genuíno de liberdade, em que mais do que estar certo ou errado, contribuiu para que hoje, todos nós saibamos que a liberdade é o direito de estar errado e não o direito de fazer errado. Só é pena que o carrossel oficial da política confunda o valor e a ordem das coisas e faça as coisas erradas na convicção de que isso é um direito que a liberdade lhe permite e a democracia consente.



1 comentário:

Anónimo disse...

Fora com Portugal!
Açores aos Açorianos!