2009/08/27

CANDIDATURAS & DEMOCRACIA


Estão em movimento as máquinas partidárias regionais com vista às eleições legislativas nacionais e autárquicas.

Por toda a Região, é visível a multiplicação dos candidatos junto dos acontecimentos de maior concentração e divulgação popular e mediática.

A ordem é para aparecer. A função é agradar. O objectivo é cativar o voto.

Da inauguração selecta, ao arraial popular. Da conferência académica às sopas do Espírito Santo ou ao churrasco comunitário, hei-los a cumprir a desdita de aproximação ao povo, com maior ou menor desenvoltura, tentando conciliar a dignidade da qualidade de candidato com a informalidade que os contactos exigem. Afinal, é a democracia portuguesa no seu melhor, na sua maior pureza e mais forte dinâmica festivaleira.

É a época das promessas, Das que se cumprem e das que quase ninguém cobra. Das que fazem brilhar o baço da política e das que, não reluzindo, calam forte nas aspirações dos cidadãos.

É o tempo das discussões, que se desejam baseadas numa consciência crítica, pois esta, só começa, quando se discute como se pensa e só se discute como se pensa quando honestamente, racional e emocionalmente, se acredita naquilo que o pensamento discute.

É o momento de acordar, o corpo e a mente de quem dorme perante o fenómeno político e a comunidade.

É a altura da tomada de posições. De metralhar o inimigo com críticas, lançando no campo de batalha as causas, as ideias e a poeira politiqueira mesquinha que tão infelizmente caracteriza o modo de fazer política em Portugal.

Aos candidatos, pede-se apenas que olhem o povo de frente, prometam pouco e se eleitos, façam muito.

Aos candidatos, recomenda-se que não usurpem o protagonismo da democracia ao cidadão. Partilhem-no com ele. Não façam da democracia um caso de polícia, uma revista do Parque Mayer, ou tão pouco um acto de condescendência para com o povo.

A festa continua a ser do povo, mesmo com todas as incertezas dos proveitos que o mesmo possa beneficiar. Mesmo com todas as ausências que a abstenção há-de registar. Mesmo com todo o desinteresse que o povo continua a manifestar.

Afinal, a democracia está coxa, mas continua em festa.