2012/04/29


A MAJESTADE NÃO MORRE SÓ

Diz-se por aí, que se aproxima o fim do ciclo socialista da Região.
Há quem diga que este ato ou aquele gesto ou frase, indiciam um ambiente de despedida.
Não sei! 
O povo ainda não votou e o rei ainda vive.
Porém, estes tempos fazem-me recordar Shakespeare, quando na tragédia de Hamlet, escreve:
“A majestade não morre só:
Traga consigo quem estiver próximo.
É uma grande roda no alto de uma montanha,
A cujos raios dez mil coisas menores estão presas,
E, ao cair, cada pequeno anexo ecoa a sua estrondosa ruína.
Um rei nunca suspira sozinho: causa um gemido geral.”

2012/04/25


A REVOLUÇÃO QUE TARDA



Cada povo, cada sociedade, cada Estado, revela pela sua forma de organização o seu nível de capacidade e de competência para em torno de um sentimento nacional desenvolver projetos de estruturação de um futuro sustentado e pleno de realizações económicas, culturais, científicas e sociais.

Numa perspetiva ocidental, quanto mais elevado for aquele nível, mais civilizado e habilitado para o sucesso é um Estado e a sua sociedade.

Independentemente dos recursos naturais de que disponha, desde que liberto de dogmas ideológicos ou religiosos, em teoria, e face ao mundo aberto de hoje, qualquer sociedade democrática incorpora no seu seio a mais rica, infinita e diversificada fonte de energias a que se pode aceder e dispor: a inteligência dos homens e mulheres que a compõe.

Não é por acaso que se constata que os Estados mais evoluídos, económica, cultural e socialmente, são os que fizeram essa aposta: investiram de forma consciente e programática na educação e formação dos seus cidadãos, transformaram mentalidades, fazendo de cada indivíduo um instrumento de produtividade civicamente responsável.

E Portugal, o que fez?

Ganhamos a liberdade com a revolução de Abril. Aderimos à União Europeia, o que nos permitiu revolucionar a nossa forma de estar no mundo no que concerne à visibilidade internacional e às possibilidades de não perdermos em definitivo a ligação com a modernidade e com o desenvolvimento económico que carateriza a esmagadora maioria dos países que integram aquele espaço.

Porém, falta-nos dar um salto enorme de qualidade, competência, disciplina e eficácia. E para que tal aconteça, é urgente realizar a grande revolução das mentalidades, algo que apenas acontecerá se revolucionarmos e inovarmos o nosso sistema educativo transformando-o numa fonte credível de formação intelectual e cívica. Enquanto isso não acontecer, não seremos nada, ou de outro modo, continuaremos na senda da mão estendida, da descaracterização nacional, na falta de auto – estima, da indisciplina social, do culto da ignorância e da irresponsabilidade coletiva.

Se a personalidade e carácter de um Estado é o reflexo da personalidade e carácter do seu povo, então olhemo - nos ao espelho e envergonhemo-nos do Estado que somos.