A REVOLUÇÃO QUE TARDA
Cada povo, cada sociedade, cada Estado, revela pela sua
forma de organização o seu nível de capacidade e de competência para em torno
de um sentimento nacional desenvolver projetos de estruturação de um futuro
sustentado e pleno de realizações económicas, culturais, científicas e sociais.
Numa perspetiva ocidental, quanto
mais elevado for aquele nível, mais civilizado e habilitado para o sucesso é um
Estado e a sua sociedade.
Independentemente dos recursos
naturais de que disponha, desde que liberto de dogmas ideológicos ou
religiosos, em teoria, e face ao mundo aberto de hoje, qualquer sociedade
democrática incorpora no seu seio a mais rica, infinita e diversificada fonte
de energias a que se pode aceder e dispor: a inteligência dos homens e mulheres
que a compõe.
Não é por acaso que se constata
que os Estados mais evoluídos, económica, cultural e socialmente, são os que
fizeram essa aposta: investiram de forma consciente e programática na educação
e formação dos seus cidadãos, transformaram mentalidades, fazendo de cada
indivíduo um instrumento de produtividade civicamente responsável.
E Portugal, o que fez?
Ganhamos a liberdade com a
revolução de Abril. Aderimos à União Europeia, o que nos permitiu revolucionar
a nossa forma de estar no mundo no que concerne à visibilidade internacional e
às possibilidades de não perdermos em definitivo a ligação com a modernidade e
com o desenvolvimento económico que carateriza a esmagadora maioria dos países
que integram aquele espaço.
Porém, falta-nos dar um salto
enorme de qualidade, competência, disciplina e eficácia. E para que tal
aconteça, é urgente realizar a grande revolução das mentalidades, algo que
apenas acontecerá se revolucionarmos e inovarmos o nosso sistema educativo
transformando-o numa fonte credível de formação intelectual e cívica. Enquanto
isso não acontecer, não seremos nada, ou de outro modo, continuaremos na senda
da mão estendida, da descaracterização nacional, na falta de auto – estima, da
indisciplina social, do culto da ignorância e da irresponsabilidade coletiva.
Se a personalidade e carácter de
um Estado é o reflexo da personalidade e carácter do seu povo, então olhemo -
nos ao espelho e envergonhemo-nos do Estado que somos.