2006/10/16

O DOMINÓ DA DÚVIDA

CONTRADIÇÃO OU TRAIÇÃO?

 

O Governo da República entregou no parlamento, o Orçamento do Estado (OE) para 2007. Dizem os especialistas que a contenção é a palavra-chave para forçar a descida do défice.

Em função disso, não admira que o primeiro-ministro pretenda reflectir naquele documento todos os meios possíveis e imaginários para fixar o défice abaixo dos 3%. Reduzir, cortar, extinguir, concentrar, limitar, eliminar e redimensionar, são apenas alguns dos verbos que o Eng. Sócrates, na sua cruzada por tal desiderato, obrigou os seus ministros a conjugar, sem pestanejar.

A necessidade de reduzir o peso do défice público como caminho para a solidificação da economia portuguesa é inquestionável. O mesmo não se pode dizer da selecção dos interlocutores que o governo tem feito para erguer a bandeira do combate ao défice e sobre os mesmos fazer recair o esmagador peso da factura da contenção.

É visível a opção governativa na luta contra o défice: cortar a direito na despesa que o Estado domina já que aumentar a receita – por exemplo, pela via do eficaz combate à evasão fiscal - é algo que o Estado, pela sua crescente perda de autoridade, prefere não abordar.

Por esta via, o Eng.º Sócrates legitima a sua costela capitalista, isenta os ricos de pagarem a crise, manda a conta para a classe média e arranja uns esquemas de incentivo ao parasitismo que limita os danos colaterais da sua política de contenção nas camadas mais desfavorecidas da sociedade lusa.

Por incrível que pareça, este governo pseudo socialista, parece estar a criar condições para que o povo possa concluir que foi traído, já que o primeiro-ministro fugiu dos braços de quem esmagadoramente o elegeu e abraçou de alma e coração o capital, não o de Karl Marx, mas o do Belmiro de Azevedo, Jardim Gonçalves e restante patronato, fazendo jus ao socialismo de caviar em vigor no actual Partido Socialista.

2006/10/14


EM ROTA DE COLISÂO?

Parece aumentar o tom da contestação à acção do governo do Eng. Sócrates. Por incrível que pareça, este governo pseudo socialista, parece estar a criar condições para que o povo possa concluir que foi traído, já que o primeiro-ministro fugiu dos braços de quem esmagadoramente o elegeu e abraçou de alma e coração o capital,não o de Karl Marx, mas o do Belmiro de Azevedo, Jardim Gonçalves e restante patronato, fazendo jus ao socialismo de caviar em vigor no actual Partido Socialista.

2006/10/12

O PORTUGAL DOS PRIVADOS



A reestruturação da administração pública portuguesa é uma necessidade consensualmente reconhecida. A procura de uma nova cultura de serviço, de uma maior eficácia e racionalização de meios técnicos, procedimentais e humanos, constituem metas que terão de ser alcaçadas em prol da modernidade e prosperidade do país. Porém, fazer tudo isso a reboque de uns quantos senhores que dos seus poleiros privados deram em pensar Portugal, é algo que só um Governo autista é capaz de levar a cabo. A título de exemplo, dissem eles que para emagrecer a administração pública há que eliminar os postos de trabalho de alguns milhares auxiliares de educação . Será que diriam o mesmo se os respectivos filhos frequentassem as escolas públicas?

2006/10/06

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NO 5 DE OUTUBRO DE 2006

Estamos a apenas quatro anos de registar o centenário da revolução republicana de 1910. Decorrido todo este tempo, o que mudou? Pouco, muito pouco!

Mudou tão pouco, que as palavras proferidas por Eça de Queiróz em "Uma Campanha Alegre", decorria o ano de 1871, aplicam-se ao presente de forma notavelmente certeira. Se não, vejamos:" (...) O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. (...)"

É notável o conservadorismo luso!

FELIZMENTE HÁ ALGO A ACONTECER

Depois de anos de marasmo originado pela célebre e injustificável, política de desenvolvimento harmonioso, a ilha de São Miguel, designadamente a cidade de Ponta Delgada, confronta-se com um movimento visionário pouco comum na nossa micro dimensão.A completa e profunda revalorização da parte nobre da orla marítima da cidade e consequente reconfiguração de toda a sua zona litoral, quer por via dos projectos da responsabilidade do executivo regional quer dos da competência da autarquia local, tem tido o condão de abanar os habitualmente cismados intelectos micaelenses.Note-se que o termo “cismado” aqui utilizado não tem qualquer sentido pejorativo. Apenas pretende qualificar o estado de letargia a que os açorianos têm sido submetidos pela política de paróquia dos seus governos e pela total ausência de visão da maioria dos seus governantes, a qual, por tão desprovida de novidade, atira-nos para um estado mórbido em que as funções da surpresa, do orgulho colectivo e da participação cívica estão de tal forma atenuadas que parece estarem suspensas, à espera de algo...Felizmente, há algo a acontecer! E note-se, é algo que nada tem a ver com a politiquice, ou com as novelas diárias dos canais nacionais, ou com as respeitáveis tradições profanas ou religiosas, ou com cintilantes mas cadentes estrelas pimbas, ou com incansáveis passeios higiénicos na Avenida Marginal, ou com a desgovernação dos governos, ou com o piercing escondido da filha da vizinha ou o carro novo do vizinho. Enfim, não tem nada a ver com nada daquilo que desgraçadamente nos consome diariamente a vida, embora se saiba que para muitos a vida sem tudo aquilo, não tem qualquer sentido.Finalmente, parece vingar um movimento visionário que refresca a nossa irremediável pequenez geográfica, e que vem certificar a razão de muitos que lançaram e projectam lançar obras e equipamentos, que pelas suas características únicas, empurram a sociedade para o futuro.Por isso, venham daí os aquários, os teleféricos, os pavilhões multi-usos, as scut, as marginais, os túneis, as pontes, as centrais de camionagem, as ciclovias, os parques temáticos, os espaços radicais, as marinas, as piscinas, os casinos, os spas, os hóteis, as discotecas, os centros culturais e tudo o mais que o mundo moderno oferece e que todos nós merecemos.Para isso, venham daí as ideias, os conceitos, a criatividade, a irreverência, as posturas despidas de hipocrisia e preconceito, a guerra contra a ignorância e postura miserabilista.É verdade que tudo isso tem um preço, mas para quem está habituado a pagar pelo não desenvolvimento e pelas constantes crises económicas do país, certamente que não se oporá a contribuir para a modernidade da sua terra e deixar aos seus filhos um testemunho de ousadia.Mais vale deixar aos nossos filhos a factura de uma obra feita do que migalhas de uma crise.