2009/06/06

6 DE JUNHO DE 75. A DATA E O PRECONCEITO



Lembram-se do 6 de Junho de 1975?

Falar daquela data, quase sempre origina diversas reacções, provoca deliberadas omissões e porventura, o seu maior condão, permite desnudar a hipocrisia de todos quanto não conseguem discernir as causas públicas das coisas particulares e mesquinhas que modelam as suas vidas, de todos quantos não conseguem no presente assumir com coragem, dignidade e satisfação as ideias e os ideais que por quaisquer razões, no passado, os moveram a sair à rua naquela data, de todos quanto se deixaram acomodar pelos cargos, pelos compromissos, pelas vassalagens, de todos quantos perderam a voz, a capacidade e a autoridade para gritarem os Açores para além de horizontes curtos e atrofiantes, de todos quanto cegos de vaidade fazem do preconceito uma virtude e da ignorância vício.

Perante uma data que, na essência, marca um passo na luta pela democracia e pela liberdade que hoje desfrutamos, os político regionais, os seu partidos e os órgãos de governo próprio da Região, num atitude reveladora de castradores complexos e preconceitos, continuam a cultivar um lamentável silêncio, justificado na ausência de consenso sobre o significado daquele evento, fazendo deliberada e conscientemente triunfar, o cinzentismo, a hipocrisia, a fraqueza, a falta de carisma e o comodismo da classe política "oficial" dos Açores.

O 6 de Junho de 1975, não foi um erro. Foi um acto genuíno de liberdade, em que mais do que estar certo ou errado, contribuiu para que hoje, todos nós saibamos que a liberdade é o direito de estar errado e não o direito de fazer errado. Só é pena que o carrossel oficial da política confunda o valor e a ordem das coisas e faça as coisas erradas na convicção de que isso é um direito que a liberdade lhe permite e a democracia consente.

Perdendo a Europa de vista




A condição europeia de Portugal, enquanto membro de um restrito grupo dos melhores, mais ricos e desenvolvidos países do velho continente, tem valido, como não poderia deixar de ser, aos governantes nacionais de fundamento e justificação da esmagadora maioria das políticas e medidas adoptadas nas mais diversas áreas da nossa sociedade.

Para tudo e quanto a tudo, a União Europeia é termo de referência, condição de existência e exigência de mudança.

Para tudo e quanto a tudo, Portugal tudo muda, tudo aplica e tudo extingue, em nome das médias e dos níveis da União ou dos seus Estados membros.

Mais de duas décadas após a adesão ao espaço comunitário, um relatório recente de especialistas em assuntos europeus revela aquilo que a generalidade da nossa classe política não tem coragem para admitir: estamos cada vez mais longe da Europa.

E só assim se compreende que o mencionado estudo conclua que Portugal tem os níveis de preços mais elevados dos quinze, a par dos salários mais baixos, o que por consequência se traduz no mais precário nível de vida de todos os países do clube europeu.

Seria interessante escutar os nossos governamentáveis se o povo questionasse, sem dó nem piedade, porque todos eles se preocupam a actualizar preços, impostos e taxas, e nada fazem e nada constróem – nem que fosse necessário revolucionar todo o sistema – para que a produtividade da nossa economia cresça e assim sustente a criação de um nível da vida mais próximo do europeu.

Portugal sujeitou-se à escravatura do padrão europeu. Os governantes portugueses, sujeitam os cidadãos à política da precariedade, à humilhante condição de resíduo europeu, adiando o futuro e negando-lhes as capacidades produtivas que fora da nossas fronteiras lhes são indubitavelmente reconhecidas.

A cultura da vaidade, hipócrita e cobarde que domina a nossa classe política é certamente a maior desgraça deste país. O problema é que, se a beleza dos cargos cega os nossos governantes, o desencanto do quotidiano social atrofia os cidadãos. O resultado, é a estagnação.

Por tudo isto, não surpreende o virar de costas às eleições europeias de amanhã, dia 7 de Junho de 2009.É que nem os valores e deveres da cidadania e civilidade move o cidadão comum em direcção às urnas europeias. Não há paciência para tanta aldrabice …..